Considerado ultrapassado para alguns, mas uma solução para outros, o aterro sanitário tem sido a maneira mais utilizada para o tratamento de chorume. Resumidamente, o chorume é a parte líquida do lixo, gerada a partir dos rejeitos e resíduos descartados em aterros.
Tal forma de manejo de resíduos está em uma escala intermediária de eficiência material. Ou seja, é mais eficiente que os antigos lixões, porém muito menos eficiente que a reciclagem completa dos materiais.
No entanto, em matéria econômica, estes espaços têm se mostrado a maneira com melhor custo-benefício para a destinação dos resíduos sólidos urbanos.
Enviar todos os resíduos para um lixão é muito mais barato. Porém, as consequências ambientais são gravíssimas para a comunidade e para o meio ambiente.
Contudo, enviar todos os resíduos sólidos para a reciclagem envolve custos que, muitas vezes, são maiores que o valor final do produto já reciclado.
Por isso, com a tecnologia disponível até o momento, o aterro é a melhor opção. Isso porque concilia custos e a redução de impacto ambiental causado pela destinação de resíduos sólidos urbanos.
1 – O processo de destinação de resíduos sólidos
Quase todas as grandes cidades possuem um ou mais aterros sanitários. Existe uma lei que obriga que municípios brasileiros adotem a destinação em aterros, a fim de substituir de vez os antigos lixões.
Contudo, em muitas cidades os aterros ainda não são realidade. Por parte da maioria dos gestores, a razão é a falta de condições financeiras para realização da mudança.
Onde há aterros, os resíduos são coletados pelas Prefeituras e, posteriormente, levados até eles. No local, são enterrados em bolsões específicos, que servirão para a decomposição do lixo através dos anos.
Além disso, alguns desses locais fazem uma triagem para retirar possíveis sólidos valiosos à reciclagem, e o restante é enviado às valas de depósito.
2 – Como funciona um aterro sanitário?
Basicamente, o aterro sanitário é composto por um bolsão plástico escavado no terreno. Nele, o lixo é depositado e coberto com terra.
Durante a sua decomposição, o lixo libera dois tipos de compostos: os gases de decomposição (especialmente o metano) e o chorume. Esse último é um líquido de coloração escura e cheiro forte, justamente por conter alta carga orgânica.
Os gases liberados no aterro sanitário podem ser canalizados e queimados no próprio estabelecimento, gerando energia em motores à combustão. Esta prática torna muitos aterros não só autossuficientes energeticamente, mas também fornecedores de energia elétrica para a rede.
O chorume, no entanto, acaba sendo um grande problema, pois ainda não há um processo que o transforme em um bem econômico viável. Além disso, o seu descarte é geralmente problemático, uma vez que o material contém alta carga orgânica e não pode ser despejado no solo.
Em geral, os aterros possuem canaletas de captação do chorume, que deverá ser transportado para um local onde possa ser tratado. Dessa forma, é possível reduzir a carga orgânica e, só a partir desta etapa, ele pode ser despejado na natureza.
3 – Quais riscos o chorume de aterro oferece?
O chorume é um líquido tóxico, afinal de contas, ele é um resíduo produzido a partir da decomposição do lixo. Caso seja despejado diretamente no solo, irá escorrer até o lençol freático e contaminar a água que será posteriormente extraída para uso humano.
Caso o chorume fique à céu aberto, ele gerará mau cheiro e liberará gases. Além de provocar o efeito estufa, esses gases acabam atraindo aves carniceiras, moscas e outras espécies que transmitem doenças.
Portanto, o tratamento de chorume, quando inadequado, pode trazer consequências a toda uma comunidade que se encontra ao redor do mesmo ecossistema. Afinal, partilha dos mesmos recursos naturais, especialmente da água. Por isso, seu tratamento deve ser prioritário nos aterros.
4 – O chorume deve ser prioridade no aterro sanitário?
A norma ABNT NBR 8419/1922 serviu de base técnica para a lei de regulamentação de aterros sanitários. Ela estabelece que todo projeto de aterro deverá conter um sistema para captação, drenagem e disposição de líquidos percolados (chorume).
O tratamento do chorume deve ser prioritário no aterro sanitário. Isso porque, uma vez que o líquido entra em contato com o lençol freático, não há mais como reparar a contaminação. Como consequência, milhões de litros de água serão perdidos.
Vale ressaltar que nenhum aterro consegue licença para operar, caso esteja com problemas no projeto de drenagem e captação de chorume.
5 – O tratamento biológico do chorume no próprio aterro: interessante opção!
Pelo volume gerado, transportar o chorume em caminhões específicos até uma empresa de tratamento pode ser técnica e economicamente desinteressante.
Nesses casos, o tratamento biológico no local pode ser uma ótima alternativa, seja por bioestimulação, bioaumentação ou ambos em conjunto. Isso porque trazem resultados técnicos, econômicos e ambientais muito interessantes.
6 – Como ocorre o tratamento biológico do chorume?
O tratamento biológico é utilizado para reduzir a carga orgânica do chorume. Resumidamente, o material é confinado em meio aeróbio ou anaeróbio e exposto a ação de bioestimuladores e bioaumentadores, responsáveis pela decomposição de forma natural.
É exatamente o mesmo processo que ocorreria na natureza, porém ele é industrialmente acelerado. A vantagem desse tratamento de chorume é que o material se torna apto ao descarte em rios, lagos ou para a decomposição no solo.
Além disso, quando decomposto em biodigestores, o chorume, já com a carga orgânica reduzida, torna-se um líquido rico em nutrientes. Por isso, pode ser reutilizado como fertilizante natural para lavouras.
Como visto, o tratamento de chorume deve ser prioridade nos aterros sanitários. Afinal, o risco que esse material oferece ao meio ambiente e à saúde humana é maior que os oferecidos pelos resíduos sólidos.
Ademais, após o tratamento, pode ser que o chorume tenha utilidade na agricultura e jardinagem, o que acaba agregando valor a um material inicialmente tóxico.
Conclusão
Como visto ao longo do texto, o tratamento de chorume é um processo fundamental para evitar a contaminação do solo e da água. Além disso, as etapas do processo também podem gerar receita.
Por isso, é importante encontrar alternativas para otimizar o sistema de tratamento em aterros sanitários.
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